Três candidatos gays são as principais apostas do PT e do Psol para as eleições distrital e federal parlamentares em 2026.
Com o fato de ter sido o primeiro parlamentar homossexual assumido na Câmara Legislativa e de, na reeleição, em 2022, ter recebido mais votos na história da casa, o psolista Fábio Felix mirará agora o Congresso Nacional.
Os quase 52 mil votos obtidos pelo assistente social e o destaque que ele conseguiu manter na política do DF nos últimos anos deram a segurança ao partido e a ele para mirar vaga na Câmara dos Deputados.
Segurança, mas ciência de muito esforço. E aí está o risco. Para ser eleito, Fábio precisa ser o mais votado no seu partido e sozinho (algo perto do impossível) ou na soma de todos os votos recebidos por ele e pelos outros candidatos psolistas, alcançar o quoeficiente eleitoral.
Esse é o nome dado ao número obtido na divisão do total de votos válidos para deputado federal recebidos por todos os candidatos de todas as agremiações pelo número de vagas disponíveis para deputado federal no DF, que são oito.
Para se ter ideia do que espera o parlamentar, em 2022, a deputada de esquerda mais bem votada foi Erika Kokay (PT). Uma das mais reconhecidas aliadas da causa LGBT na capital federal teve mais de 146 mil votos e ainda assim não alcançou sozinha o quoeficiente eleitoral.
O que se tem como estratégia é possuir muitos pleiteantes bem votados aí para que, na soma, pelo menos o mais votado fique com a vaga. O fato é que o Psol não tem pessoas tão fortes assim para colocar na urna.
Quem ajudou e muito Erika Kokay a ser eleita há três anos é o nome do PT para para substituí-la em 2027. Erivan dos Santos é a drag queen Ruth Venceremos.
Ele/a tornou-se maior aposta petista para 2026 pelo fato de ter tido a segunda maior votação da legenda há três anos.
Com cerca de 31 mil votos, a artista - que deseja ser a primeira deputada drag queen federal do Brasil - só ficou atrás de Erika, que alcançou o quoeficiente eleitoral devido à soma de todos os votos recebidos pelo PT. Entretanto, bastariam as duas para fazê-lo.
Erika vai encarar a eleição para o Senado. Ruth tem duas vantagens em 2026: ser aposta do PT e estar no PT, já que o partido possui bons nomes para estar com ela em busca do quoeficiente eleitoral.
E aí se faz a desvantagem comum entre Fábio e Ruth: pelo menos no que diz respeito ao eleitorado LGBT, eles vão disputar votos entre si.
Dentre as saídas para esse cenário estão buscar voto fora da comunidade LGBT, fazer com que mais LGBT votem e que esses eleitores consigam obter votos para os dois com familiares e amigos.
A saída de Fábio da Câmara Legislativa foi costurada com um nome para substituí-lo: o intérprete de Libras Michel Platini.
Atualmente um dos principais ativistas LGBT do DF e líder da Parada de Taguatinga - a segunda maior da capital -, Michel fez carreira no PT, mas, desprestigiado aí, conseguiu, há poucas semanas, abrigo no Psol, que decidiu lhe dar bom dinheiro para a campanha por ver como possível a vitória.
Para deixar para trás suas tentativas eleitorais fraquíssimas para esse mesmo cargo, Michel tem, dentre outros trunfos, o de se colocar como herdeiro dos votos de Fábio Felix, o que não é, definitivamente, pouco.
Para ajudar nessa empreitada, vem outro gay: a drag queen Pikineia, que acaba de também se filiar ao partido. Ela se agarra ao fato de ter mais de 100 mil seguidores no Instagram para ter votos e se projetar.
O cenário no Psol aqui é mais tranquilo porque um homem bom de voto do partido estará novamente na urna: o deputado distrital Max Maciel, que obteve 35 mil votos em 2022.
