'Imprensa me tirou do armário', diz Rodrigo Sant'anna

Ator relembrou 'outing' para a família, bullying e preconceito

Publicado em 15/06/2025
Rodrigo Sant'anna fala sobre ser gay
'Depois disso, comecei a achar relevante o fato de me posicionar'

O ator Rodrigo Sant'anna comentou sobre seu "outing" para a família e para o público, bullying na infância e preconceito que ainda sente.

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"Eu me casei sem tornar isso público e em algum momento, alguns sites da imprensa me tiraram do armário. Amigos meus fotografaram a cerimônia, e a notícia viralizou. Depois, eu comecei a dar entrevistas a respeito disso e virou uma pauta", falou o ator, ao F5, sobre a união realizada em 2019 com o roteirista Junior Figueiredo.

Ele continua: "Não gosto de deixar minha vida particular se tornar pública, não falo sobre relacionamentos, independentemente de sexualidade. Mas depois disso, comecei a achar relevante o fato de me posicionar, então já fiz mais questão de falar que sou gay e que tenho vontade de ter um filho, normalizar essa questão. É bom poder falar sobre isso em um almoço de domingo."

Sant'anna, hoje com 44 anos, afirmou que ficava receoso de expôr a homossexualidade.

"Na época em que eu comecei a minha carreira de ator, não sabia como iria repercutir, apesar de fazer comédia e muitos personagens femininos. Isso me abre precedente, mas eu ficava receoso. Existia um medo de ser agredido, achincalhado. Na escola eu sofria muito pelo jeito afeminado. Eram traumas que vinham à mente. A gente [público gay] ainda escuta muita piadinha."

Questionado sobre que tipo de piada ainda ouve, ele disse: "Eu não sei o motivo, mas às vezes um hétero vem falar com um gay e ele tende a reproduzir o jeito mais afeminado como você fala. Isso eu acho muito chato. Repetir um maneirismo seu por conta da orientação, de um tom de voz. Parece que não é nada, mas eu considero desrespeito. Ressalta um estereótipo preconceituoso."

Sobre a família, o artista contou que as primeiras pessoas a quem revelou sua sexualidade foram a mãe e a madrinha, as duas pessoas que o criaram.

"Claro que para elas foi um incômodo inicial", lembrou-se. "Minha mãe é católica daquelas que não deixam de ir à missa. A religiosidade, em algum momento, veio contra isso [a orientação sexual]. Com o tempo, ela foi entendendo que as coisas andam juntas e que eu gostar de homens não me faz menos conectado a Deus."

"Falei: 'Eu não tenho liberdade de expressar minha sexualidade de forma tranquila nas ruas'. Se não pudesse fazer isso em casa, iria acabar me sentindo distante dela. Hoje ela entende e foi uma conquista."

Já para o pai, a notícia não teve tanta influência no relacionamento, já que era mais distantes um do outro.

"Meu pai foi muito tranquilo, pois tenho uma relação mais diferente. Ele foi mais distante que minha mãe, portanto ele mesmo se sentia menos à vontade para cobrar qualquer postura minha."


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