Reproduzido por estudiosos, mídia, governos e pelo movimento arco-íris nacional e internacional, o levantamento de assassinatos de LGBT feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) tem nova edição e ao menos uma polêmica. O Relatório GGB 2018 trata como crime de ódio 100 casos de suicídio.
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O estudo afirma que "420 LGBT+ morreram no Brasil em 2018 por homolesbotransfobia (sic): 320 homicídios (76%) e 100 suicídios (24%)".
Assim, o conceito mais comum de que crime de ódio é cometido por pessoa que discrimina a vítima é ampliado no levantamento.
O relatório tem parte específica sobre suicídios. Nela há defesa de que todos esses casos de morte de LGBT devem ser atribuídos à discriminação.
O estudo não abre espaço para que uma pessoa não-heterossexual se mate sem ter sido motivada em algum nível pelo preconceito.
"De acordo com a revista científica Pediatrics, gays, lésbicas e bissexuais, devido à homofobia, têm 6 vezes mais chance de tirar a própria vida, em relação a heterossexuais, com risco 20% maior de suicídio quando convivendo em ambientes hostis à sua orientação sexual ou identidade de gênero", cita o documento, cujo um dos autores é o antropólogo Luiz Mott.
Em seguida há a conclusão: "Portanto, suicídios de pessoas LGBT, sobretudo jovens, sempre devem ser qualificados como potencializados pelo preconceito e discriminação por sexo e gênero, devendo constar nos relatórios de mortes desse segmento juntamente com os homicídios."
A metodologia aplicada, conforme é exposto no estudo, foi pesquisada em notícias e redes sociais. E fica claro que mesmo sem ter conhecimento da razão de alguns suicídios, eles são inclusos na contagem de crimes de ódio.
Trechos revelam que basta o fato de a pessoa se assumir LGBT ou ter gravuras alusivas ao universo arco-íris para que o GGB a tenha incluído no relatório.
"Encontramos casos em que a vítima era assumidamente gay, lésbica ou transexual. (...) Alguns desses LGBT, mesmo sem revelar explicitamente sua homossexualidade, incluem em suas páginas do Facebook fotos e gravuras que os associam ao imaginário e universo LGBT, como notícias sobre paradas gays, bandeiras do arco-íris."
Ao contrário do que ocorria nos últimos anos, a entidade ativista não divulgou todos os casos nos detalhes. Apenas são mostradas de forma mais particular algumas mortes.
Quando eram divulgadas as fontes de informação sobre assassinatos, viam-se muitos casos no qual não havia nenhuma referência à discriminação e morte de um parceiro por outro. Todos eram tidos como homofóbicos. Até a morte de um homem cisgênero pela namorada trans foi considerada como motivada por preconceito.
Os autores também defendem que mesmo quando uma travesti assassina a outra ocorre críme provocado pela discriminação, pois essa seria a causa de elas estarem em situação vulnerável.
Na capa do relatório, há foto da ex-vereadora e lésbica Marielle Franco, cuja causa do assassinato ocorrido em março de 2018 não foi esclarecida pela polícia até hoje, e do estudante não-binário Matheusa, cuja morte foi atribuída por investigação a ele ter tentado tirar fuzil de traficante que atuava em região na qual ele entrou em descontrole emocional e nu.