Único deputado federal gay, professor Israel busca reeleição

Parlamentar é o primeiro homossexual assumido eleito pelo DF no Congresso Nacional

Publicado em 21/09/2022
professor Israel gay deputado federal
Com atuação em educação e na defesa de interesses de servidores públicos, Israel agiu em prol de LGBT 

Professor Israel (PSB), 40 anos, fez história ao se assumir gay no meio do atual mandato, o que o tornou o primeiro deputado federal homossexual assumido eleito pelo DF. 

Curta o Guia Gay no Instagram

O parlamentar, eleito um dos 40 mais influentes da Câmara dos Deputados, agora quer mais. Ele é candidato à reeleição. Com isso, pode trilhar o caminho feito na Câmara Legislativa do DF - onde teve dois mandatos. 

Com forte atuação em educação e na defesa de interesses de servidores públicos, Israel agiu em prol de LGBT em vários momentos. 

Destaques para sua ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o governo a apresentar Plano de Combate à Monkeypox e agilizar a autorização da Anvisa para importação das vacinas, e seu projeto de lei que prevê pena àqueles que praticarem homofobia nas redes sociais.

Abaixo, o pessebista, que também é o único deputado federal gay atualmente no Brasil, fala do cenário da questão LGBT no Brasil e do que pretende fazer no seu segundo mandato. 

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o Brasil avance nesse campo?
Nossas propostas são várias. Como por exemplo, a criminalização da LGBTfobia. A gente precisa mostrar que isso não pode ser aceito, que a comunidade vai se levantar, vai erguer a voz e vai se defender.

Além disso, eu sempre digo que, contra o racismo, o preconceito e homofobia, um Ensino Médio de qualidade seria o melhor solução. Porque é na escola, no Ensino fundamental e Médio, que a gente forma a cidadania. E a gente precisa formar cidadãos para a diversidade.

Quero continuar a atuar para que nenhuma proposição contra LGBT seja aprovada na Câmara dos Deputados, trabalhar para garantir e ampliar a oferta no SUS de tratamentos e serviços de saúde para que atendam às necessidades especiais da população LGBTQIAP+, fortalecer campanhas e políticas para a população LGBTI, entre outras, para prevenção do HIV. Além de muitas outras ações necessárias. 

Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população em geral?
Temos outras propostas que tratam, principalmente, dos setores da educação e serviço público.

Na primeira área, quero, dentre outros pontos, dar continuidade ao projeto Ver Melhor Educa Mais - com exame oftalmológicos e oferta gratuita de óculos de grau para estudantes da rede pública -, criar o Conecta Mais para oferecer um tablet para cada aluno do Ensino Médio e um kit multimidia para os professores, e apoiar programas de pesquisa para estudar o adoecimento dos profissionais da educação e propor ações de prevenção e promoção da saúde. 

Quanto à valorização do serviço público, vou, por exemplo, defender a formação continuada, plano de carreira e garantia dos direitos dos servidores, atuar para combater o assédio institucional, trabalhar por mecanismos efetivos de denúncia e punição para quem praticar assédio institucional, lutar até o fim para que o texto da reforma administrativa que foi apresentado pelo atual governo seja derrotado em plenário, exigir recomposição salarial. Bolsonaro foi o único presidente nos últimos 20 anos a não conceder recomposição inflacionária aos servidores públicos federais.

Em que seu novo mandato vai se diferenciar ou inovar em relação ao que se tem na política atualmente?
O meu atual mandato foi de defesa da comunidade LGBTQIA+, mas principalmente de defesa à educação.

Eu acredito que a comunidade não deve se satisfazer com os espaços que hoje são oferecidos à ela. Toda vez que você é um LGBT, você é colocado na comissão de direitos humanos, na comissão de diversidade...Você sempre tem uma cota de espaço para você trabalhar. E o que eu fiz neste mandato foi furar essa bolha.

Eu disse: "Eu sou gay e eu vou atuar nas comissões e nas frentes mais importantes. Eu vou ser presidente da Frente de Educação e vou transformá-la na maior Frente Parlamentar do Congresso Nacional. Porque eu não vou aceitar que me coloquem em uma caixinha".

Então, eu acho que a comunidade LGBT tem que tem que ocupar espaço. Vamos ocupar a comissão de economia, de finanças, de Constituição e Justiça. Não podemos aceitar esse espaço controlado que a sociedade nos relega, de jeito nenhum!

No segundo mandato, eu pretendo ousar ainda mais. Eu pretendo pleitear a presidência da Comissão de Educação porque eu acredito que o combate à homofobia começa na escola, na base nacional curricular comum.

Então, eu vou continuar nesse segundo mandato ousando a participar de espaços que sempre foram reservados aos heterossexuais. Deputado gay não deve se contentar com as comissões e frentes que são dadas a nós como se fossem meras contas. Não! Nós vamos estar em todos os lugares. Porque somos capazes e tudo é nosso! 

E foi muito importante para mim poder entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar o governo a apresentar um Plano de Combate à Monkeypox e agilizar a autorização da Anvisa para importação das vacinas. Foi muito importante para mim apresentar o projeto que prevê pena àqueles que fizerem homofobia pelas redes sociais. 

Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay Brasília com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.


Parceiros:Lisbon Gay Circuit Porto Gay Circuit
© Todos direitos reservados à Guiya Editora. Vedada a reprodução e/ou publicação parcial ou integral do conteúdo de qualquer área do site sem autorização.